Dois Segredos da Contextualização

Filipenses 2:1-18

Barbara Helen Burns

Paulo escreve para a igreja de Filipos com o forte desejo de ver os membros vivendo como fiéis testemunhas do Senhor Jesus Cristo. Os crentes deviam ser “luzeiros”, vivendo de forma “irrepreensível”, “sincera” e “inculpável”, no meio de uma “geração pervertida e corrupta” (vs 15). Com esta descrição pesada, o contexto da igreja é condenado como proibido para ela. Não há nenhum elogio ou instrução de identificação com o mundo que a cerca. A igreja tem que ser diferente, um contraste marcante contra a opressão, a sensualidade, as brigas, a escuridão espiritual, o egoísmo e a destruição que marcava o cotidiano da cidade. Contextualização para os crentes em Filipos era viver Cristo de forma evidente e agradável, como luzes na escuridão.

Essencial para ser luz são o amor e a unidade. Em vez de egoísmo, deviam se preocupar com e servir ao outro. Deviam ter compaixão, afetos e misericórdias, tendo o mesmo sentimento, o mesmo amor e a mesma alma (vss 1-4). É excluído a “luta pelo poder”, a necessidade de receber reconhecimento, os ciúmes e a exclusão. A igreja tinha que ser diferente do seu contexto, visívelmente superior, refletindo a glória de Deus como se fosse estrela refletindo a luz do sol. Para tanto há dois segredos: humildade e a Palavra da vida.

Jesus é o primeiro exemplo de humildade e da importância da Palavra. No sentido de humildade, Jesus abriu mão de todos os Seus direitos. Sendo Deus, se tornou homem e, em obediência ao Pai, se submeteu à morte da cruz, a mais degradante e penosa morte possível. A identificação era profunda, no sentido de compartilhar a vida cotidiana, da comunicação eficaz e do sacrifício em favor dos outros. Jesus é servo do Pai e servo dos homens e mulheres que Ele veio salvar.

Jesus também é exemplo da importância da Palavra da Vida. Constantemente Ele a ensinava e, no final, exortava Seus discípulos a levar pessoas até aos confins da terra a guardar com fidelidade a tudo que Ele dizia (Mt 28:18-20). Paulo usa Jesus como exemplo a ser seguido (Fp 2:5) e ele próprio exibe estes mesmos dois segredos, no fato que ele implora para eles a serem fiéis a Palavra (vs 16) que ele tinha ensinado, e a ele mesmo não importa ser oferecido como libação (vs 17) em favor deles, atitude de extrema humildade.

Sem humildade e sem a Palavra a igreja não consegue ser fiel, nem luz. A contextualização da igreja se torna uma coisa insípida, sem limites e sem critérios. O contexto sufoca a luz, a igreja imita o mundo e os crentes se tornam iguais as pessoas ao seu redor. 

Na igreja de Filipos tinha grande possibilidade disso acontecer, devido a força da cultura romana pagã e a grande diversidade de pessoas dentro dela, como a mulher rica, carcereiro, jovem que tinha sido endemoninhada, escravos, servos e filhos (Atos 16:11-40), que poderia a ter fraturado e lhe tirado a luz. No entanto, com humildade e com a Palavra, ela enfrentou os desafios do seu mundo em submissão a Deus e a Sua vontade.

Nós também devemos ser diferentes e mostrar Deus através das nossas vidas e através da vida da comunidade cristã. Contextualização cristã é isso – levar a mensagem relevante da Palavra de Deus ao mundo que sem ela perece. Em amor e espírito de servo, é importar com o outro dentro da igreja e com o outro que ainda não conhece a verdade da Palavra.

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